O assunto do momento, nas discussões sobre as próximas eleições, é o voto feminino. Mais exatamente, as diferenças que existem entre as intenções de voto de mulheres e homens. Em relação à grande parcela do eleitorado feminino. Na mais recente pesquisa do Ibope, por exemplo, o homem tem maioria de votos, neste universo, das intenções de voto das mulheres.
Há quem olhe esses números e tire conclusões sobre nossa sociedade e nosso sistema político. Outros vão além e especulam sobre um machismo renitente em nossa cultura, que sobreviveria apesar da tese da igualdade, nas verbalizações das pessoas. Embora quase todos proclamem que não vêem diferenças entre os gêneros na capacidade para exercer cargos públicos, as próprias mulheres descreriam mais que os homens dessa possibilidade. Confrontadas com uma candidatura feminina real, refugariam. Em outras palavras, mulher não vota em mulher, ou, melhor dizendo, muitas não.
Não esqueçamos os que dizem que o problema estaria, nas características de personalidade e estilo, não se conformaria com um determinado estereótipo feminino e alienaria o voto de muitas mulheres. São os que acham que ela precisaria ser mais isso ou aquilo para conquistar seu voto. E se nada disso procedesse? E se as diferenças de desempenho entre homens e mulheres nada tivessem a ver, com machismos paradoxais ou o jeito de ser de uma candidata? E se a explicação fosse outra?
Em uma eleição o nível de conhecimento dos candidatos é um fator crucial para explicar seu desempenho nas pesquisas, pode estar aí à razão das diferenças de gênero que se constatam atualmente. São as diferenças de informação entre homens e mulheres que, ao que tudo indica, explicam as variações nas intenções de voto. Será?
Mas o mais relevante é que, quando se consideram homens e mulheres com informação semelhante, as diferenças nas intenções de voto quase desaparecem. Parece que mulher, nesse caso, vota sim em mulher.
As pesquisas atuais refletem a distribuição desigual da informação entre os gêneros, que deriva, por sua vez, dos papéis sociais diferentes que homens e mulheres desempenham. O próprio andamento das campanhas vai reduzi-la. Até outubro, homens e mulheres serão, cada vez mais, iguais na sua capacidade de escolher em quem votar. A prova da tese é a recente eleição da Presidenta Dilma que abriu as portas para quem sabe a Câmara Municipal sofrer a faxina que merece.
Enfa. Ana Leão
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